Desmame Fluvoxamina

Boa noite! Encontrei hoje este fórum. Sou membro de um fórum de desmame de antidepressivos mas é um fórum americano, um português é melhor para me exprimir.

Tenho 25 anos.
A minha primeira crise de ansiedade/ataque de pânico aconteceu quando tinha 9 anos. Pedopsiquiatra receitou anafranil durante 2 ou 3 anos que me lembre. Até aos 21/22 tudo esteve controlado.

Depois tive uma relação muito complicada, experimentei algumas drogas (não mais de 2 ou 3 x), para além de marijuana que fumava diariamente.
Em 2013 tive uma crise de pânico enorme, parei de fumar, parei tudo.

Em fevereiro de 2014 comecei a tomar Fluvoxamina 50mg. De início ajudou mas depois engordei muito e comecei a fazer desmame em abril de 2016. Foi muito rápido (embora fosse o que o psiquiatra aconselhou) e senti-me muito mal. Voltei a tomar os 50mg e fiquei com sintomas de depressão, embora a ansiedade tivesse ficado controlada. Não sentia emoções, nem pelo meu namorado. Não sentia vontade de fazer nada, só ficar fechada em casa. Sentia desrealização frequentemente.

Em janeiro de 2017 decidir começar o desmame. Tudo corria maravilhosamente, apesar de estar a fazer o desmame mais rápido que o suposto (fiz 12% redução da dose INICIAL de 4 em 4/6 em 6 semanas, quando deveria ter feito 10% da dose ACTUAL) mas estava a sentir-me tão bem.

O pior começou há um mês e meio atrás. No início de setembro comecei a trabalhar num restaurante. Acabei por me despedir no dia 30 de setembro porque andava a ficar cada vez mais ansiosa. No entanto não abrandou com o despedimento. Pior ainda, na passada sexta feira houve uma explosão em minha casa o que foi terrível para a minha ansiedade.

Anteontem passei o dia inteiro em hospitais, sem dormir nem um minuto. Ansiedade extrema, sensação que ia morrer, Que tenho alguma doença que os médicos não descobrem, medo de tudo. Acabaram por me dar diazepam e victan. Não ajudou muito mas consegui dormir.

Ontem acordei ainda nervosa, ainda com taquicardia e atenta a todos os sintomas do meu corpo, mas lá aguentei e de noite abrandou. Hoje estou ainda nervosa, muito chorosa, parece que estou no fundo do poço e que não encontro uma saída.

Alguém me pode ajudar? Alguém teve ansiedade tão extrema que achou que ia ficar internado ou "maluco"? Acham que isto é do desmame?

Estou desde agosto de 2017 com 18.75mg de Fluvoxamina. Estou a considerar fazer uma solução líquida com água destilada para poder controlar melhor as doses. Mas tenho medo de piorar. Deram -me victan para tomar em sos mas não quero ficar dependente de benzodiazepinas também, e acrescentar mais um mal à equação.

Que me aconselham? Será isto tudo do desmame + as coisas que aconteceram? Deveria tentar psicanálise ou hipnoterapia? Já tentei psicoterapia cognitiva comportamental mas não resultou...

Alguém aqui já ficou "curado"? Quando digo curado não me refiro a 100% livre de ansiedade, mas sim a sentir-me feliz, presente e motivado no dia a dia.

Eu de momento só me apetece ficar deitada e chorar...tenho medo que estas drogas tenham estragado o meu cérebro para sempre..

Agradeço qualquer resposta. Obrigada.

Olá Deisw
Bem vinda ao fórum. Eu também tomei Fluvoxamina 50 mg, em conjunto com o Sedoxil ansiolítico. Quando me senti mais estabilizado comecei a fazer o desmame. Comecei sem as devidas regras e o tombo foi enorme; voltei à estaca zero tomando as mesmas doses até sentir-me estabilizado mais uma vez. Conheci este fórum e outros no estrangeiro, li quase tudo o que havia para ler relativamente a sintomas e formas de desmame. Aprendi várias coisas essenciais:
- Descobrir as causas da ansiedade, depressão e ataques de pânico em mim.
- Racionalizar sobre essas causas
- Aprender a mudar o foco de mim para o exterior
- Ler e praticar diariamente meditação mindfulness (atenção plena), para ir tomando um pouco de consciência do que a minha mente me estava a fazer.
- Sentir uma vitória em cada progresso conseguido.
- Sentir que a cura é um trabalho constante, uma mudança na nossa vida na forma como pensamos, falamos e agimos.
- No meu caso retirei um medicamento de cada vez: primeiro o Dumyrox 10% a cada 4 ou 6 semanas e depois o Sedoxil da mesma forma.
Mesmo sem ansiedade, depressão ou ataques de pânico, sei que o meu "trabalho" deve ser para sempre.

Olá Vitor, obrigada pela resposta!

Como conseguiu fazer a redução do Dumyrox 10%? Fez uma solução aquosa? Porque a cortar a pastilha não dá :/

Fico feliz por estar "livre" de ansiedade e depressão, espero que continue assim por muitos anos!

Obrigada.

E já agora, quando fez essa redução certinha não sentiu muitos efeitos da redução?

Para cortar usei uma lâmina de barbear (das antigas) ou uma pequeno faca bem afiada e uma balança de precisão que se compra por cerca de 30 euros.
Quando estava perto dos últimos 10% fazia um intervalo maior na redução.
Sintomas físicos quase todos temos em maior ou menor grau. E relativamente aos sintomas psicológicos quem os não tem? Mas dizia sempre para mim que se devia à descontinuação.

Boa noite Vitor,

Eu neste momento estou a tomar cerca de 18/19mg de Fluvoxamina (como já tinha dito não consigo cortar com precisão, tenho que fazer como me disse) e não está fácil a gestão dos sintomas, principalmente os psicológicos. Medo de tudo, se perder o controlo, de morrer, de ter uma doença que não se descobre, etc.

Ora na segunda feira vou começar a fazer sessões de hipnoterapia. Será que ajuda? Tem alguma experiência nisso ou alguém aqui no fórum tem?

Outra questão é se acha melhor eu subir para os 25mg enquanto não estabilizo é depois fazer a redução a partir daí? Ou é um aumento muito grande?

Obrigada desde já.

Olá Deisw

Sim, os sintomas psicológicos são os piores, mas nem todos são fruto do desmame no caso particular do MEDO nesta altura (do desmame) toma proporções maiores e mais constantes. É neste ponto que o "trabalho de casa" deve ser feito. Todos queremos que uma terapia nos torne "normais" o mais rapidamente possível; recorremos a medicamentos, terapias psicológicas, inclusive a hipnose. Ou seja recorremos principalmente ao que está fora de nós. Não digo que esteja mal! Na minha opinião a terapia das terapias é realizarmos um trabalho diário tal como enumerei na minha primeira intervenção.
A fonte de tudo isto está na nossa mente em que não temos o mínimo de controlo nem consciência dos "caminhos" que ela nos leva (pensamentos, sentimentos, emoções). No budismo diz-se que a mente é como um macaco saltando de ramo em ramo. A meditação tem por objectivo torná-la mais calma e estarmos mais consciente desses "caminhos".
Se tiveres que aumentar para ficares mais estál, não tem problema, mas não te esqueças de trabalhar a tua mente quanto te sentires mais estabilizada.
Há muita e boa informação na net sobre o que falei.
Lê Eckhart Tolle, O Poder do Agora. Mattieu Ricard, a Arte de Meditar
E outros...
http://spm-be.pt/m/porque-meditar-matthieu-ricard/

http://tseringpaldron.com/