Recaidas...

Hoje fui a minha primeira consulta de revisão, 3 semanas depois de iniciar a medicação e a médica la teve que me aumentar as doses... também me explicou que as recaídas são bravas e que se demora mais a recuperar. Vocês acham que as recaídas são piores? A minha tem sido muito, muito má.
:

Por norma na medicina as recaídas são piores (claro que existem excepções à regra) simplesmente porque é a doença a atacar de novo um corpo já por si melindrado e mais frágil pelo episódio anterior.

3 semanas ainda não é tempo suficiente, tenho pena de teres aumentado a dose de medicação.

De qualquer forma força e aguenta-te firme ok ?   

Não sei do que falam, mas os ataques de pânico são a excepção à regra. Os primeiros são sempre os piores e os que abalam mais a pessoa, pois ninguém espera por um "ataque surpresa".

bichobrabo escreveu:Não sei do que falam, mas os ataques de pânico são a excepção à regra. Os primeiros são sempre os piores e os que abalam mais a pessoa, pois ninguém espera por um "ataque surpresa".

Não bichobrabo estamos a falar de uma recaída de depressão major...

Com muita ansiedade também mas felizmente sem ataques de pânico. Muitas horas no sofá sem vontade de fazer nada. Mas pronto, tudo vai melhorar, espero eu. Já melhorei uma vez, desta também terá que ser, embora a minha vida não esteja fácil neste momento e já sabemos que tudo parece ainda pior.
Quanto ao aumento da medicação acho que era inevitável, não sou nova nisto e tinha a noção que estava a tomar uma dose muito baixinha. A medica explicou-me que calculava que a dose fosse baixa mas não quis começar logo com doses muito altas porque acha que o aumento tem que ser gradual. Vou tentar não desesperar...

mma escreveu:A medica explicou-me que calculava que a dose fosse baixa mas não quis começar logo com doses muito altas porque acha que o aumento tem que ser gradual. Vou tentar não desesperar...

Ela foi sensata...

As melhoras e força !   

Obrigada FSL. Bem preciso de força, podes crer.

Mesmo assim, não podem comparar, por exemplo, um depressão com uma gripe. Uma é provocada por um agente infeccioso e outra não se sabe bem porquê. Ainda mais, se se estão a tomar antidepressivos.

É muito comum aumentar-se a dose no início da toma. Cada pessoa tem necessidades diferentes no que diz respeito à dose necessária destas drogas.

Será que ele(a) depois de tomar a medicação fica recuperado?

Bichobrabo, eu, pessoalmente, não acredito na recuperação definitiva. Já desmamei uma dose brutal de medicação, demorei 1 ano e passados 4 meses a recaída foi brutal. Só quero estabilizar e mais tarde tomar uma dose de manutenção, se for para o resto da vida que se lixe.

Não quero ser desencorajador, mas não acredito em doses de manutenção para o resto da vida. Mas se estás mesmo mal, espero que a medicação te faça sentir melhor.

O meu desejo sincero que melhores.

também sou da opinião dela, as recaídas, por norma, são mesmo piores....

Essas recaídas são efeitos de descontinuação (mais alguns sintomas originais), mas nunca nenhum psiquiatra vai admitir isso.

Brick escreveu:Essas recaídas são efeitos de descontinuação (mais alguns sintomas originais), mas nunca nenhum psiquiatra vai admitir isso.

Claro que são (ou a pessoa não ficou bem resolvida com os problemas que originaram a primeira depressão e volta a deprimir).

Mas sabemos bem que os desmames são o mais difícl. Não é à toa que vemos aquelas personagens famosas de hollywood que entram e saiem várias vezes de clínicas de desintoxicação (e têm muito mais dinheiro e meios que nós para se tratarem !) e algumas vão morrendo pelo meio com overdoses.

Meter qualquer coisa química no corpo que influencie e modifique o funcionamento da hipófise, da tiróide, do fígado, pancrêas, suprarenais, etc é bomba para o organismo já se sabe. Nisto incluí-se tabaco, cannabis, alcool, cocaina, heroina, antidepressivos, ansiolíticos, pastilhas, etc, com níveis de causar dependência diferentes.

Por mais irónico que possa parecer as duas grandes lutas de um depressivo é primeiro tratar-se... e depois conseguir livrar-se do tratamento.

E qual é a idade?

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Não és velha, ainda tens muitos anos pela frente.

Eu sei, mas acredita que a força já não é a mesma. Só esta cena de já não conseguir arranjar emprego faz-me sentir com 80.

As coisas não estão fáceis para ninguém. Eu entendo o teu "drama" pessoal, como milhares de portugueses estás no desemprego e estás numa idade que é difícil (não impossível) arranjar ocupação, tendo em conta a situação do país.

Mas olha que pessoas como eu, que são do quadro (área da saúde), também estão a passar por cada situação. São as horas extras, a pressão contínua, a falta de pessoal para substituição de baixas e férias, tendo tu que cobrir os turnos dos outros (para já não falar nas reduções salariais e etc). Como deves entender isso leva a um desgaste brutal e acredita que mesmo com a minha idade tem dias que me sinto pior que um velho.

Há dias e dias que eu apenas trabalho e durmo, trabalho e durmo, sobrando pouco tempo para qualquer vida social por exemplo.

As pessoas estão todas a arrebentar, existe muita gente que trabalha no meu serviço e já pôs baixa (adivinha a maior parte psiquiátrica) e não sei como isto vai ser em 2014 mas uma coisa tenho a certeza: Vai ser duro e vamos ser literalmente escravizados.

A nossa sociedade está em falência em vários aspetos: financeiro, matrimonial, mental e emocional.
Eu tenho uma teoria sobre o avanço da tecnologia e esta explosão de doenças psiquiátricas: simplesmente o homem enquanto ser biológico não está a conseguir acompanhar este mundo regido por máquinas que nos alieniam (tablets por exemplo) e as pessoas já não parecem saber o que é sentar 5min para simplesmente... respirar !

FSL escreveu:As coisas não estão fáceis para ninguém. Eu entendo o teu "drama" pessoal, como milhares de portugueses estás no desemprego e estás numa idade que é difícil (não impossível) arranjar ocupação, tendo em conta a situação do país.

Mas olha que pessoas como eu, que são do quadro (área da saúde), também estão a passar por cada situação. São as horas extras, a pressão contínua, a falta de pessoal para substituição de baixas e férias, tendo tu que cobrir os turnos dos outros (para já não falar nas reduções salariais e etc). Como deves entender isso leva a um desgaste brutal e acredita que mesmo com a minha idade tem dias que me sinto pior que um velho.

Há dias e dias que eu apenas trabalho e durmo, trabalho e durmo, sobrando pouco tempo para qualquer vida social por exemplo.

As pessoas estão todas a arrebentar, existe muita gente que trabalha no meu serviço e já pôs baixa (adivinha a maior parte psiquiátrica) e não sei como isto vai ser em 2014 mas uma coisa tenho a certeza: Vai ser duro e vamos ser literalmente escravizados.

A nossa sociedade está em falência em vários aspetos: financeiro, matrimonial, mental e emocional.
Eu tenho uma teoria sobre o avanço da tecnologia e esta explosão de doenças psiquiátricas: simplesmente o homem enquanto ser biológico não está a conseguir acompanhar este mundo regido por máquinas que nos alieniam (tablets por exemplo) e as pessoas já não parecem saber o que é sentar 5min para simplesmente... respirar !

Concordo!

Eu sei, não esta fácil para ninguém. Eu acho que o que nos deprime e esta crise, tivemos que romper com os moldes de vida anteriores e ainda ninguém se conseguiu adaptar.
Eu, pelo menos, não estou em falência matrimonial, sou casada ha 31 anos e o meu marido e o meu maior apoio. Mas tenho a responsabilidade de 2 filhos a 3 anos de acabar o curso, uma preocupação constante por causa do dinheiro. A cena do dinheiro e lixada, acaba connosco.

mma escreveu:
Eu, pelo menos, não estou em falência matrimonial, sou casada ha 31 anos e o meu marido e o meu maior apoio. Mas tenho a responsabilidade de 2 filhos a 3 anos de acabar o curso, uma preocupação constante por causa do dinheiro. A cena do dinheiro e lixada, acaba connosco.

E depois não há apoios para quem tem bens,por exemplo carro ou casa própria. Ninguém come a casa.

O grande problema do mundo atual não é o avanço tecnológico em si,mas sim a destruição das relações humanas. As pessoas deixaram de saber comunicar,não se relacionam devidamente,sem ser por redes sociais. Os putos da minha geração e de gerações anteriores ainda (alguns) brincaram na rua,mas as gerações seguintes já não o fazem,há as ds's,as playstations e o que sobra para as relações propriamente ditas não passa de exibicionismos casuais que envolvem bebedeiras,drogas,etc.
Nós somos humanos,mas não deixamos de ser animais. Precisamos de comunicar,é a nossa natureza,podemos tentar alterá-la,mas de nada vale - ninguém é superior à natureza. Isto aplica-se tanto a novos como a velhos. A tecnologia foi criada para nos auxiliar no trabalho,para nos dar tempo. Mas as pessoas usam-na numa forma completamente adulterada,colmatam a falta de amor com smartphones e pc's,substituem abraços por likes,trocam as brincadeiras de rua por jogos na ps3,e continuam a trabalhar desmesuradamente,mesmo havendo 1001 máquinas capazes de fazer 1001 trabalhos. Continuamos a escravizar-nos e por tabela as gerações futuras pagarão a conta,como a minha geração está a pagar e como as anteriores e futuras pagaram e pagarão,respetivamente. Não é por coincidência que a depressão,o stress,etc. são doenças do séc. XX/XXI.
Estamos a caminhar voluntariamente para uma distopia,e Portugal nunca foi um país muito feliz.

Disseste muitas verdades sadakiyo, completamente de acordo  

sadakiyo escreveu:

mma escreveu:
Eu, pelo menos, não estou em falência matrimonial, sou casada ha 31 anos e o meu marido e o meu maior apoio. Mas tenho a responsabilidade de 2 filhos a 3 anos de acabar o curso, uma preocupação constante por causa do dinheiro. A cena do dinheiro e lixada, acaba connosco.

E depois não há apoios para quem tem bens,por exemplo carro ou casa própria. Ninguém come a casa.

O grande problema do mundo atual não é o avanço tecnológico em si,mas sim a destruição das relações humanas. As pessoas deixaram de saber comunicar,não se relacionam devidamente,sem ser por redes sociais. Os putos da minha geração e de gerações anteriores ainda (alguns) brincaram na rua,mas as gerações seguintes já não o fazem,há as ds's,as playstations e o que sobra para as relações propriamente ditas não passa de exibicionismos casuais que envolvem bebedeiras,drogas,etc.
Nós somos humanos,mas não deixamos de ser animais. Precisamos de comunicar,é a nossa natureza,podemos tentar alterá-la,mas de nada vale - ninguém é superior à natureza. Isto aplica-se tanto a novos como a velhos. A tecnologia foi criada para nos auxiliar no trabalho,para nos dar tempo. Mas as pessoas usam-na numa forma completamente adulterada,colmatam a falta de amor com smartphones e pc's,substituem abraços por likes,trocam as brincadeiras de rua por jogos na ps3,e continuam a trabalhar desmesuradamente,mesmo havendo 1001 máquinas capazes de fazer 1001 trabalhos. Continuamos a escravizar-nos e por tabela as gerações futuras pagarão a conta,como a minha geração está a pagar e como as anteriores e futuras pagaram e pagarão,respetivamente. Não é por coincidência que a depressão,o stress,etc. são doenças do séc. XX/XXI.
Estamos a caminhar voluntariamente para uma distopia,e Portugal nunca foi um país muito feliz.

Não podia estar mais de acordo ctg! Tb sinto isso na pele..... as pessoas vão-se afastando...não há como dar a volta quando é só um a remar contra a maré....fica impossível... começo a pensar que (quando estamos juntos com alguém) apenas somos amigos/as a compartilhar o mesmo espaço...

Mas existem tantas pessoas que estão a passar por dificuldades e situações complicadas e conseguem manter a cabeça fria e uma atitude positiva.

Se ha coisa que me atormenta e o "porquê eu"?

mma escreveu:Mas existem tantas pessoas que estão a passar por dificuldades e situações complicadas e conseguem manter a cabeça fria e uma atitude positiva.

Se ha coisa que me atormenta e o "porquê eu"?

Acho que todos nós pensamos um pouco isso! o pk nós! Na minha filosofia de vida julgo k temos k passar por certas "coisas" para evoluirmos, temos de aprender...tb não sei bem mas a mim ajuda pensar assim!