Desmame violento de Paroxetina (gravidez)

Boa tarde!

É a primeira vez que cá posto algo, para obter algumas opiniões.

A situação é a seguinte: descobri que estou grávida no dia 12 de maio. Actualmente, estou grávida de pouco mais de 6 semanas. A gravidez não foi planeada e foi "acidental".

Na minha adolescência, tomei Prozac durante 2 anos (dos 16 aos 18), acompanhada por consultas frequentes de psiquiatria. Isto porque sempre fui nervosa mas aos 16 anos, tive uma depressão profunda, acompanhada de idealização suicida, e essas coisas todas bonitas.
Lembro-me que, a meio do tratamento, tomei uns tempos Cipralex e Socian e não me dei bem, voltei ao Prozac. Entretanto, aos 18 anos, mais estável, fiz um desmame lento da fluoxetina e deixei as consultas psiquiátricas. Tudo bem. Algumas crises de ansiedade, tinha Lexotan em casa e ia controlando.

No ano passado, o meu médico de família receitou-me Paroxetina 20mg, porque o meu sistema nervoso começou a "crashar" novamente. A ansiedade estava a ser esmagadora, com algumas crises depressivas, embora não estivesse com depressão propriamente dita. Tomei metade de um comprimido por uns meses e depois aumentei para 1 por dia. Também tinha Victan em sos, embora fosse raro tomá-lo.
Ora, sinceramente, comecei a sentir-me bastante bem. Muito calma, andava sempre positiva. Talvez meio adormecida, porque não conseguia chorar sequer, mas não andava tipo zombie.

A verdade é que veio a gravidez. E parece que a paroxetina é dos piores medicamentos a tomar na gravidez, está muito associada a problemas cardíacos do feto e a possível autismo.
O meu médico de família aconselhou o desmame total. 3 dias a tomar metade e deixei. No primeiro dia, tudo ok. No segundo dia, algumas tonturas e vertigens. No terceiro dia, estive péssima. No quarto dia, fui a uma consulta de urgência no centro de saúde, em que o meu médico de família aconselhou-me a ir a uma consulta de urgência na maternidade, para me receitarem algo que não fosse prejudicial ao bebé (não receitou ele não sei bem porquê mas ok...). Fui em seguida. A consulta na maternidade foi ridícula. A médica passou-me Valdispert, para tomar 1 à noite e 1 em sos. Valdispert? A sério? Enfim. E disse que era uma parvoíce dispensável tomar ADs na gravidez. Ok...

Quarto dia é hoje. Chorei no emprego. Estou descontrolada. As hormonas da gravidez e o próprio início de uma gravidez não planeada é complicado. Mas comigo é muito agravado. Eu sinto mesmo falta da medicação. Nunca me senti assim antes. Passo o dia inteiro com imensas vertigens, tonturas, dores de cabeça, nauseada (potenciada pela gravidez, mas antes de parar a medicação, não tinha NADA disto), estou em constante pânico, stress, ansiedade, só quero chorar, estou irritada, o sono não é reparador, não estou funcional, não estou racional... Tudo mudou em 2 míseros dias. Parece que a minha vida desabou. Começo a ter uma profunda raiva e mágoa (irracional) desta gravidez, desta criança (que é a única que não tem mesmo culpa de nada).

Tenho de marcar consulta num psiquiatra privado, porque obviamente médicos do SNS não estão preparados para lidar com isto (nem com nada), o que é uma tristeza. Eu sei que existem anti-depressivos seguros na gravidez, mas o risco-benefício nem foi pesado no meu caso. Fui logo descartada com valeriana... Sinto-me miserável. Fisica e emocionalmente. Já nem me conheço... Eu não era assim.

só estás assim devido à paragem abrupta da paroxetina, disso não há dúvidas e quanto ao te receitarem valdispert, nem compres pois enfim, não vale o dinheiro.

Todos os ads são perigosos para os fetos, sobretudo os da classe da paroxetina, fluoxetina etc... Neste caso deves mesmo procurar um psiquiatra, contudo fico chocado com os conhecimentos deles neste âmbito, chegam a roçar o zero.

Boa sorte para ti e felicidades para o bebé

Obrigada pela tua resposta Brick.

A paroxetina é mesmo o pior AD na gravidez. Também não sei para que é que o meu médico ma receitou em primeiro lugar, se me dei bem com o Prozac há anos atrás. Não sei o porquê destas experiências...

Enfim, eu ontem fui ao médico de família perder tempo, porque ele apenas me mandou para a maternidade, não me receitou nada, nem disse mais nada. E na maternidade, em seguida, fui perder mais tempo, pois para me receitarem valdispert e dizerem-me que é uma parvoíce dispensável tomar ADs... Grande médica. Competência ao mais alto nível.

De facto, eu não quero fazer mal ao feto de forma nenhuma, mas acho que este caos também não deve ser lá muito bom para a gravidez, ainda por cima, nos inícios, que é algo tão frágil... Pelo menos, preciso de algo que me ajude a ser funcional e minimamente equilibrada.

Ora aqui está uma alhada e das grandes.

Em primeiro lugar esse desmame à bruta nem comento   

Em segundo era imperativo tirares baixa por gravidez de risco. É completamente incompatível essa situação e as responsabilidades laborais.

Em terceiro, que encontres um médico de jeito, que te substitua a medicação, ponderando bem qual o AD menos prejudicial para o bebé neste momento. Alguma coisa vais ter de tomar porque se não vais dar em louca... e pelo vistos já estás:

Quarto dia é hoje. Chorei no emprego. Estou descontrolada. As hormonas da gravidez e o próprio início de uma gravidez não planeada é complicado. Mas comigo é muito agravado. Eu sinto mesmo falta da medicação. Nunca me senti assim antes. Passo o dia inteiro com imensas vertigens, tonturas, dores de cabeça, nauseada (potenciada pela gravidez, mas antes de parar a medicação, não tinha NADA disto), estou em constante pânico, stress, ansiedade, só quero chorar, estou irritada, o sono não é reparador, não estou funcional, não estou racional... Tudo mudou em 2 míseros dias. Parece que a minha vida desabou. Começo a ter uma profunda raiva e mágoa (irracional) desta gravidez, desta criança (que é a única que não tem mesmo culpa de nada).

  

Obrigada FSL, pela tua ajuda.

Eu não queria ter feito o desmame assim, mas parece que era necessário pelo meu médico de família e pela médica da maternidade... Aliás, ela disse que o meu médico fez muito bem em me ter "retirado" a medicação o mais rapidamente possível.

Em relação à baixa, queria ver se a evitava, por motivos óbvios... Até porque antes dos 3 meses de gravidez, não queria dizer às minhas entidades patronais que estou grávida, porque eles adoram gravidezes no trabalho (not…).
Mas de facto, o dia de hoje foi totalmente inútil e esgotante. Vou ligar à Saúde 24 quando sair daqui, pode ser que eles me saibam aconselhar e me direccionem para as urgências do hospital.

Passo a minha vida em médicos, urgências e hospitais ultimamente, seja por mim, seja por familiares. Dai-me paciência para lidar com profissionais de saúde incompetentes. Eu sei que muitos dão tudo por tudo, e apoiam os pacientes, para além de serem preocupados e dedicados, mas franca e infelizmente, começo a ver que esses são a minoria.

Não fui eu que escolhi isto, aliás, se estou químico-dependente agora, é porque o meu médico de família preferiu dar-me paroxetina do que encaminhar-me para psicoterapia ou consultas de psiquiatria! -.-

Esse desmame acaba por não ser melhor que tomar o medicamento... se a ideia é substituir por outro então já devia ter sido.

Brick escreveu:Esse desmame acaba por não ser melhor que tomar o medicamento... se a ideia é substituir por outro então já devia ter sido.

A mim parece claro como água que o desmame à bruta é pior do que se ela tivesse continuado a tomar a paroxetina. E por um motivo muito simples:

Ela vai ter sintomas de descontinuação tão fortes (como já está a ter) que ou dá em doida ou não vai aguentar e vai ter de tomar o mesmo ou outro AD.

E este stress todo ainda faz pior ao bebé.

Eu só me pergunto como é possível algum clínico aconselhar um "cold turkey" assim... Eu fico espantado a sério.

Ou fazia um desmame (ok um pouco mais rápido que o normal) ou trocava de AD.

É o que temos, mas lá por fora não é melhor...

Se já começou agora tentava a terapia... Agarrar-se ao facto de estar grávida e assim colmatar a falta do medicamento com amor pelo bebé...

a terapia para síndrome de abstinência serve tanto como apagar o fogo Com gasolina

A terapia pode ajudar nos desmames com pés e cabeça e não em coisas "non sense" como esta.

O que aqui vai acontecer todos sabemos: a medicação vai ser retomada porque ninguém aguenta um "cold turkey" destes.

Até porque a situação é muito delicada, pois a gravidez não foi planeada, o desmame também não, quer-se evitar dizer no trabalho que se está gravida... etc.

Brick escreveu:Esse desmame acaba por não ser melhor que tomar o medicamento... se a ideia é substituir por outro então já devia ter sido.

Pois, eu também sei disso, mas segui aquilo que dois médicos diferentes me aconselharam... Mal.

FSL escreveu:

Brick escreveu:Esse desmame acaba por não ser melhor que tomar o medicamento... se a ideia é substituir por outro então já devia ter sido.

A mim parece claro como água que o desmame à bruta é pior do que se ela tivesse continuado a tomar a paroxetina. E por um motivo muito simples:

Ela vai ter sintomas de descontinuação tão fortes (como já está a ter) que ou dá em doida ou não vai aguentar e vai ter de tomar o mesmo ou outro AD.

E este stress todo ainda faz pior ao bebé.

Eu só me pergunto como é possível algum clínico aconselhar um "cold turkey" assim... Eu fico espantado a sério.

Ou fazia um desmame (ok um pouco mais rápido que o normal) ou trocava de AD.

Concordo, era mil vezes preferível ter feito um desmame mais lento, ou trocarem-me para um AD mais seguro. Tanto para mim, como para o bebé.
Mas a verdade é que dois médicos diferentes (o meu médico de família e a médica das urgências da Maternidade) me aconselharam a deixar a paroxetina o mais rapidamente possível.

mrbombas escreveu:Se já começou agora tentava a terapia... Agarrar-se ao facto de estar grávida e assim colmatar a falta do medicamento com amor pelo bebé...

Tenho mesmo de fazer terapia, pelo menos, mal não faz e pode ajudar na minha situação.
Francamente, com esta situação toda e sendo a gravidez não planeada, o "amor pelo bebé", para já, não é grande motivação... As minhas hormonas estão todas malucas e os sintomas de abstinência da medicação são demasiado potentes para serem “esquecidos” só porque estou grávida.

Brick escreveu:a terapia para síndrome de abstinência serve tanto como apagar o fogo Com gasolina

É um facto. Mas deve ajudar, pelo menos, a controlar o que sinto e como ajo... Suponho eu.

FSL escreveu:A terapia pode ajudar nos desmames com pés e cabeça e não em coisas "non sense" como esta.

O que aqui vai acontecer todos sabemos: a medicação vai ser retomada porque ninguém aguenta um "cold turkey" destes.

Até porque a situação é muito delicada, pois a gravidez não foi planeada, o desmame também não, quer-se evitar dizer no trabalho que se está gravida... etc.

Eu tenho novidades.
Ontem liguei para a Saúde 24 e expliquei a situação toda, e reencaminharam-me de novo para uma consulta de urgência na Maternidade.
A doutora que me atendeu era super bruta, mas pareceu-me muito melhor profissional do que a do dia anterior.
Ela disse que não me pode passar ADs porque se fosse para tal, teria de ter sido feito antes de ter terminado com paroxetina. Ou seja, em vez de me terem aconselhado a deixar a paroxetina de repente, deviam ter-me passado um AD mais seguro para substituir. Mas como já deixei de tomar completamente há uns dias, ela disse para eu ir tomando o Valdispert à noite e em Sos. Passou-me Lorazepam para tomar de manhã e Atarax (o que até me dá jeito, porque tenho alergias) para tomar à noite. São medicamentos inofensivos para o feto. Ela disse que vou ficar sonolenta, mas que agora é preferível do que andar numa pilha de nervos. Aconselhou-me também a procurar ajuda de um psiquiatra e disse que depois me iria marcar uma consulta com a psicóloga da Maternidade.

Snow escreveu:Mas como já deixei de tomar completamente há uns dias, ela disse para eu ir tomando o Valdispert à noite e em Sos.

Valdispert em SoS... a caixa toda de uma vez não ?

Snow escreveu:Passou-me Lorazepam para tomar de manhã e Atarax (o que até me dá jeito, porque tenho alergias) para tomar à noite. São medicamentos inofensivos para o feto. Ela disse que vou ficar sonolenta, mas que agora é preferível do que andar numa pilha de nervos. Aconselhou-me também a procurar ajuda de um psiquiatra e disse que depois me iria marcar uma consulta com a psicóloga da Maternidade.

Lorazepam e Atarax vai dar moca de certeza. Mas é melhor do que andares com nervos descontrolados.

Quanto ao resto a ver se o psiquiatra não estraga a coisa ainda mais e se o psicólogo consegue ser útil.

Boa sorte

FSL escreveu:

Snow escreveu:Mas como já deixei de tomar completamente há uns dias, ela disse para eu ir tomando o Valdispert à noite e em Sos.

Valdispert em SoS... a caixa toda de uma vez não ?

Snow escreveu:Passou-me Lorazepam para tomar de manhã e Atarax (o que até me dá jeito, porque tenho alergias) para tomar à noite. São medicamentos inofensivos para o feto. Ela disse que vou ficar sonolenta, mas que agora é preferível do que andar numa pilha de nervos. Aconselhou-me também a procurar ajuda de um psiquiatra e disse que depois me iria marcar uma consulta com a psicóloga da Maternidade.

Lorazepam e Atarax vai dar moca de certeza. Mas é melhor do que andares com nervos descontrolados.

Quanto ao resto a ver se o psiquiatra não estraga a coisa ainda mais e se o psicólogo consegue ser útil.

Boa sorte

É, diga-se de passagem que Valdispert é um bocadinhoooo inútil.
Mas hoje acordei com uma moca descomunal, provavelmente por causa do Atarax. E ando de facto mais relaxada. Com algumas dores de cabeça, as fantásticas vertigens, mas mais calma.

Obrigada

Para isso mais vale um belo licor beirão

Brick escreveu:Para isso mais vale um belo licor beirão

Eh pa, mas isso tem álcool. Não pode ser.   

Olá!

Para vos pôr a par da situação... A gravidez não vingou. Foi não evolutiva, fiquei internada na Maternidade uma noite para passar o processo de aborto (porque foi retido)... Não foi planeada, mas foi difícil de qualquer modo.

Não voltei a tomar ADs nenhuns. Recuso-me. Já que o desmame foi tão repentino e agressivo, não volto a tomar ADs mais, a não ser de facto necessário. Vou tomando uns ansiolíticos em Sos, mas nada muito regular.
E estou estável. Estou a ter o pior ano da minha vida, a todos os níveis, mas emocionalmente, estou minimamente estável.

Lamento pelo bebé. Força !

Grande cena! Talvez a culpa tenha sido mesmo dos AD's, sabe-se lá o que isso faz na gravidez. Força nessa recuperação!

Não foi culpa dos ADs, não tem nada a ver.
Os ADs não provocam abortos, nem gravidezes não evolutivas. Foi só algo que aconteceu, cerca de 30% das gravidezes acaba em aborto espontâneo / retido.

Mas obrigada