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Mais uma ansiosa

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Panda
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Mensagem por summer Sex Out 17 2014, 00:34

Olá, tenho 21 anos e venho contar-vos a minha história ansiosa, que já tem 3 anos, na esperança em que me ajudem a lidar melhor com isto.

Tive o meu primeiro ataque de pânico num centro comercial em Maio de 2011. Estava com os meus pais quando, do nada, deixei de ver. Tinha a sensação que ia desmaiar, e não percebia o que se estava a passar e porque se estava a passar. Apoiei-me à parede, respirei fundo e chamei pela minha mãe. Sentámo-nos num banco durante um bocado e ela deu-me um rebuçado. Porque, provavelmente, eu tinha tido uma quebra de tensão.

As noites eram um terror. Eu não conseguia dormir. Sabem quando estão quase a adormecer e de repente dão um salto? Agora imaginem isso durante a noite inteira, sempre que estão prestes a adormecer, o vosso corpo "salta". E depois tentam adormecer outra vez e volta a acontecer o mesmo. E os vómitos, constantes, de madrugada. No dia seguinte ia para a escola com 1 ou 2 horas de sono em cima.

O que se seguiu foi a perda de apetite. Quando comia ficava cheia de dores no estômago ou com uma vontade imensa de vomitar. Bebia água com gás e tomava ENO e bebia chá, e nada. Tinha também imensas tonturas, principalmente de tarde, em frente ao computador. Mas como bebia café com leite, sempre associei as tonturas à cafeína.

Mas, não se ficou por aí. Deixei de conseguir dormir sozinha. A única forma de conseguir adormecer era se estivesse acompanhada. Comecei a pedir ao meu irmão para ficar ao pé de mim até eu adormecer. A minha mãe acabou eventualmente por descobrir e proibiu o meu irmão de ficar ao pé de mim à noite. A única solução que me pareceu válida foi ir dormir com o meu irmão. E digo-vos que não é nada prestigiante para uma rapariga de 18 anos ter que ir dormir com o irmão de 11 para conseguir ter uma noite tranquila, mas era a única coisa que funcionava.

No dia 28 de Junho de 2011 morreu o Angélico Vieira. Eu nunca vi os Morangos com Açúcar, nem tão pouco era fã dele. Mas a morte dele afetou-me. Foi a primeira morte de uma celebridade que me afetou. As minhas mãos tremiam, sentia-me extremamente desconfortável e não conseguia respirar. Pela primeira vez decidi pesquisar o que estava a sentir. Vocês sabem, para quê ir ao médico quando têm o Google. O diagnóstico que o Google me apresentou foi "Síndrome de Pânico".

No dia 23 de Julho de 2011 morreu a Amy Winehouse. Mais uma vez levei uma "chapada" da vida. Mais uma pessoa me vinha provar que não eram só os velhos que morriam. Qualquer um podia morrer, a qualquer altura. E ninguém controlava isso. Os nervos pioraram, comecei a pensar em coisas que raramente me passavam pela cabeça. A minha mãe estava ciente de que algo se passava comigo, porque na altura eu achei que era boa ideia contar-lhe, mas acreditava - e fez-me acreditar - que os nervos derivavam dos exames nacionais, e mal isso passasse os ataques de pânico passavam também.

A minha mãe começou a correr. Na primeira semana foi sozinha, na segunda semana foi com o meu irmão e na terceira semana conseguiram arrastar-me. As primeiras vezes correram bem (tirando os problemas com a asma), mas houve um dia em que fiquei para trás, já depois do fim da corrida, e comecei novamente a ver tudo à roda, mas desta vez nem forças tive para chamar a minha mãe. Deitei-me na relva e tentei respirar fundo. Tive que ir agarrada à minha mãe e ao meu irmão até casa. Eu, que detesto estar dependente de alguém, não conseguia sair à rua sem estar agarrada a alguém.

Quando chegámos a casa a minha mãe fechou-se no quarto e explicou ao meu pai o que se tinha passado, alegando que eu precisava de ir ao médico porque isto não era normal. O meu pai disse que eu não precisava de médico nenhum, porque o problema estava na minha cabeça e que estava a ficar maluca.

Uma noite, no Verão, não me estava a sentir bem, toda eu tremia e tinha suores frios e não conseguia estar quieta. A minha mãe deitou-se ao pé de mim e perguntou-me o que se passava. Quando lhe tentei explicar o que se passava, senti algo semelhante a um choque elétrico a percorrer-me o corpo e voltei a deixar de ver. Sentei-me na cama e comecei a mexer-me muito depressa e a abanar-me, enquanto a minha mãe me tentava agarrar. Eu repetia que não queria falar sobre isso. Parecia que ia morrer, o meu corpo estava a enfraquecer e parecia que uma massa de ar estava a abandonar-me, pelo peito. A minha mãe, farta daquilo, ordenava-me que me recompusesse e voltou ao quarto, onde o meu pai repetiu que eu estava a ficar louca.

Em Setembro voltei à escola. Só tinha 2/3 aulas por semana, por estar só a fazer Matemática, por isso, passava grande parte do meu tempo em casa. Os problemas pioraram, não tinha vontade de sair de casa, não tinha fome, não conseguia tomar banho, não tinha vontade de fazer nada a não ser estar deitada na cama. Passava os dias exausta por mais horas que dormisse. Quando ia para as aulas tinha ataques de pânico na sala de aula. Decidi procurar ajuda e fui falar com a psicóloga da escola. Expliquei-lhe mais ou menos o que sentia pois é-me muito difícil explicar o que sinto, especialmente neste caso em que tudo na minha cabeça era uma confusão. Contei-lhe dos ataques de pânico e do diagnóstico do Google e da falta de vontade em fazer tudo e das dificuldades em respirar e das tonturas. Ela perguntou-me o que é que eu achava que tinha despoletado isso. Contei-lhe do facto de ter chumbado no exame de matemática e ter visto toda a gente a entrar na faculdade menos eu, contei-lhe da rapariga que era a minha melhor amiga até ter decidido que os amigos que lhe vendiam droga eram mais úteis que eu (palavras da própria) e que para a substituir tinha aparecido outra rapariga, mas que eventualmente achou que o namorado e as amigas sociais eram mais importantes e que me sentia sozinha e que não tinha praticamente ninguém em quem confiar.

A psicóloga fez-me agarrar uma garrafa e disse-me que aquela garrafa era uma pessoa, depois pediu-me para apertar a garrafa com força. A garrafa começou a tremer na minha mão. "Esta és tu", começou "quando uma pessoa está sujeita a muita pressão, começa a ceder." E diagnosticou-me. "Tens efetivamente ataques de ansiedade. E também noto aí uma depressão." Aí ripostei. "Depressão? Não. Eu não estou triste." Explicou-me que a depressão não é só estar triste, o facto de andar "dormente", ou seja, não sentir nada, também era um sintoma de depressão. Todas as segundas feiras, depois da aula de matemática, lá ia eu falar com a psicóloga. A minha mãe não achou muita piada e pediu-me que parasse de ir falar com a psicóloga, mas continuei a ir porque só queria que isto parasse.

Em Outubro saí da escola onde estava para ir para outra, e fui pela última vez à psicóloga, que pediu para falar com a minha mãe de forma a demovê-la em me mudar de escola, pois só iria piorar a minha situação, e convencê-la a levar-me até um psicólogo (dado que na escola não conseguiria obter o tratamento que preciso).  Até hoje não faço ideia do que a psicóloga lhe disse, mas não mudou nada.

Um dia em que não tinha aulas acordei mais tarde que o habitual, mas com uma sensação estranha: tinha a cabeça pesada e estava completamente desorientada. Por alguma razão o meu cérebro começou a pensar em coisas completamente descabidas do género "se calhar morri e por isso estou assim desorientada". Levantei-me ainda meio desorientada e ao encarar o primeiro espelho que me apareceu à frente, desatei a chorar. Corri de volta para a cama e fiquei lá deitada até cerca das 16h, com a televisão num volume baixo pois o som estava a fazer-me confusão. Ainda não tinha comido nada o dia todo e sempre que me tentava levantar começava a chorar. Não tinha vontade de fazer nada, não tinha vontade de comer. Mandei mensagens a algumas pessoas e ninguém me respondia, a minha mãe não me tinha ligado - o que não era hábito - e isso só fomentou as minhas teorias do "se calhar estou morta". Uma amiga ligou-me passado uns minutos a perguntar se estava tudo bem, e eu entre soluços histéricos de choro expliquei-lhe as minhas teorias loucas que a deixaram completamente baralhada, mas a dizer-me que estava tudo bem. Consegui levantar-me e fritar um hambúrguer, meti-o num pão e comi menos de metade. Quando a minha mãe chegou, gritou comigo por eu ser preguiçosa e não me ter levantado, disse que eu não tinha o direito de estar assim porque não tinha razões válidas (aparentemente as únicas razões válidas para estar triste e/ou ter ataques de pânico estão relacionadas com não ter dinheiro para pagar as contas) e disse que a partir daquele dia eu estava proibida de ficar em casa sozinha, tivesse aulas ou não.

Nunca mais tive uma crise dessas. Mas também não posso dizer que melhorei desde aí. O que aconteceu foi que tentei ao máximo não demonstrar quando me estava a sentir mal, para não ouvir os comentários dos meus pais. Assim, comecei a ter ataques de pânico por ter medo de ter ataques de pânico. E comecei a viver em dormência, sinto que estou a observar a vida de alguém, que eu não sou eu. Não sei como explicar muito bem, é como se estivesse a sonhar. As coisas que vivo não me parecem reais. Muitas vezes olho-me ao espelho e não me reconheço, como se a pessoa que o espelho reflete fosse uma desconhecida.

Em 2012 conheci uma pessoa que me fez melhorar significativamente - não tive mais ataques de pânico e embora não tenha deixado de estar ansiosa, estava mais controlada-, mas um ano e pouco depois acabamos por nos afastar e agora entrei numa espiral descendente e sinto-me prestes a bater no fundo. Tenho tido crises de despersonalização/desrealização, voltei a ter ataques de pânico e sinto-me completamente perdida.

Passo os dias sentada porque não consigo estar de pé com as tonturas, fico com falta de ar sempre que estou com os meus pais ou sozinha na rua/transportes públicos, não consigo dormir de noite pois estou constantemente a acordar ou com terrores noturnos e tem alturas em que só me apetece chorar, sem razão. Os meus amigos não entendem o que se passa comigo, e os que tentam ser compreensivos irritam-me um pouco porque tentam por panos quentes com "isso vai passar" e "vais ver que vais ficar melhor", quando eu nem sequer vejo um futuro à minha frente.

Nestes 3+ anos nunca fui ao psicólogo nem nunca tomei nada porque não tenho dinheiro meu e os meus pais recusam-se a aceitar que estou doente e preciso de ajuda. Para os meus pais isto passou quando deixei de ter "crises" à frente deles.

Desculpem o testamento mas precisava de desabafar com alguém.
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Mensagem por Panda Sex Out 17 2014, 00:51

Nao tens medico de familia? Es maior de idade. Secalhar podes ir. Eu nao percebo de medicos mas secalhar podes tentar no centro de saude

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Mensagem por summer Sex Out 17 2014, 00:58

Panda escreveu:Nao tens medico de familia? Es maior de idade. Secalhar podes ir. Eu nao percebo de medicos mas secalhar podes tentar no centro de saude

Não. E nem sei se tenho seguro de saúde, sinceramente. Nos centros de saúde há psicólogos?
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Mensagem por Panda Sex Out 17 2014, 01:04

Pois.. eu nao sou a pessoa mais indicada, mas ha.de aparecer alguem pra te dizer melhor.
Mas poça, que situacao. Espero que melhores.

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Mensagem por Vitor Sex Out 17 2014, 07:43

summer escreveu:
Olá, tenho 21 anos e venho contar-vos a minha história ansiosa, que já tem 3 anos, na esperança em que me ajudem a lidar melhor com isto.

Tive o meu primeiro ataque de pânico num centro comercial em Maio de 2011. Estava com os meus pais quando, do nada, deixei de ver. Tinha a sensação que ia desmaiar, e não percebia o que se estava a passar e porque se estava a passar. Apoiei-me à parede, respirei fundo e chamei pela minha mãe. Sentámo-nos num banco durante um bocado e ela deu-me um rebuçado. Porque, provavelmente, eu tinha tido uma quebra de tensão.

As noites eram um terror. Eu não conseguia dormir. Sabem quando estão quase a adormecer e de repente dão um salto? Agora imaginem isso durante a noite inteira, sempre que estão prestes a adormecer, o vosso corpo "salta". E depois tentam adormecer outra vez e volta a acontecer o mesmo. E os vómitos, constantes, de madrugada. No dia seguinte ia para a escola com 1 ou 2 horas de sono em cima.

O que se seguiu foi a perda de apetite. Quando comia ficava cheia de dores no estômago ou com uma vontade imensa de vomitar. Bebia água com gás e tomava ENO e bebia chá, e nada. Tinha também imensas tonturas, principalmente de tarde, em frente ao computador. Mas como bebia café com leite, sempre associei as tonturas à cafeína.

Mas, não se ficou por aí. Deixei de conseguir dormir sozinha. A única forma de conseguir adormecer era se estivesse acompanhada. Comecei a pedir ao meu irmão para ficar ao pé de mim até eu adormecer. A minha mãe acabou eventualmente por descobrir e proibiu o meu irmão de ficar ao pé de mim à noite. A única solução que me pareceu válida foi ir dormir com o meu irmão. E digo-vos que não é nada prestigiante para uma rapariga de 18 anos ter que ir dormir com o irmão de 11 para conseguir ter uma noite tranquila, mas era a única coisa que funcionava.

No dia 28 de Junho de 2011 morreu o Angélico Vieira. Eu nunca vi os Morangos com Açúcar, nem tão pouco era fã dele. Mas a morte dele afetou-me. Foi a primeira morte de uma celebridade que me afetou. As minhas mãos tremiam, sentia-me extremamente desconfortável e não conseguia respirar. Pela primeira vez decidi pesquisar o que estava a sentir. Vocês sabem, para quê ir ao médico quando têm o Google. O diagnóstico que o Google me apresentou foi "Síndrome de Pânico".

No dia 23 de Julho de 2011 morreu a Amy Winehouse. Mais uma vez levei uma "chapada" da vida. Mais uma pessoa me vinha provar que não eram só os velhos que morriam. Qualquer um podia morrer, a qualquer altura. E ninguém controlava isso. Os nervos pioraram, comecei a pensar em coisas que raramente me passavam pela cabeça. A minha mãe estava ciente de que algo se passava comigo, porque na altura eu achei que era boa ideia contar-lhe, mas acreditava - e fez-me acreditar - que os nervos derivavam dos exames nacionais, e mal isso passasse os ataques de pânico passavam também.

A minha mãe começou a correr. Na primeira semana foi sozinha, na segunda semana foi com o meu irmão e na terceira semana conseguiram arrastar-me. As primeiras vezes correram bem (tirando os problemas com a asma), mas houve um dia em que fiquei para trás, já depois do fim da corrida, e comecei novamente a ver tudo à roda, mas desta vez nem forças tive para chamar a minha mãe. Deitei-me na relva e tentei respirar fundo. Tive que ir agarrada à minha mãe e ao meu irmão até casa. Eu, que detesto estar dependente de alguém, não conseguia sair à rua sem estar agarrada a alguém.

Quando chegámos a casa a minha mãe fechou-se no quarto e explicou ao meu pai o que se tinha passado, alegando que eu precisava de ir ao médico porque isto não era normal. O meu pai disse que eu não precisava de médico nenhum, porque o problema estava na minha cabeça e que estava a ficar maluca.

Uma noite, no Verão, não me estava a sentir bem, toda eu tremia e tinha suores frios e não conseguia estar quieta. A minha mãe deitou-se ao pé de mim e perguntou-me o que se passava. Quando lhe tentei explicar o que se passava, senti algo semelhante a um choque elétrico a percorrer-me o corpo e voltei a deixar de ver. Sentei-me na cama e comecei a mexer-me muito depressa e a abanar-me, enquanto a minha mãe me tentava agarrar. Eu repetia que não queria falar sobre isso. Parecia que ia morrer, o meu corpo estava a enfraquecer e parecia que uma massa de ar estava a abandonar-me, pelo peito. A minha mãe, farta daquilo, ordenava-me que me recompusesse e voltou ao quarto, onde o meu pai repetiu que eu estava a ficar louca.

Em Setembro voltei à escola. Só tinha 2/3 aulas por semana, por estar só a fazer Matemática, por isso, passava grande parte do meu tempo em casa. Os problemas pioraram, não tinha vontade de sair de casa, não tinha fome, não conseguia tomar banho, não tinha vontade de fazer nada a não ser estar deitada na cama. Passava os dias exausta por mais horas que dormisse. Quando ia para as aulas tinha ataques de pânico na sala de aula. Decidi procurar ajuda e fui falar com a psicóloga da escola. Expliquei-lhe mais ou menos o que sentia pois é-me muito difícil explicar o que sinto, especialmente neste caso em que tudo na minha cabeça era uma confusão. Contei-lhe dos ataques de pânico e do diagnóstico do Google e da falta de vontade em fazer tudo e das dificuldades em respirar e das tonturas. Ela perguntou-me o que é que eu achava que tinha despoletado isso. Contei-lhe do facto de ter chumbado no exame de matemática e ter visto toda a gente a entrar na faculdade menos eu, contei-lhe da rapariga que era a minha melhor amiga até ter decidido que os amigos que lhe vendiam droga eram mais úteis que eu (palavras da própria) e que para a substituir tinha aparecido outra rapariga, mas que eventualmente achou que o namorado e as amigas sociais eram mais importantes e que me sentia sozinha e que não tinha praticamente ninguém em quem confiar.

A psicóloga fez-me agarrar uma garrafa e disse-me que aquela garrafa era uma pessoa, depois pediu-me para apertar a garrafa com força. A garrafa começou a tremer na minha mão. "Esta és tu", começou "quando uma pessoa está sujeita a muita pressão, começa a ceder." E diagnosticou-me. "Tens efetivamente ataques de ansiedade. E também noto aí uma depressão." Aí ripostei. "Depressão? Não. Eu não estou triste." Explicou-me que a depressão não é só estar triste, o facto de andar "dormente", ou seja, não sentir nada, também era um sintoma de depressão. Todas as segundas feiras, depois da aula de matemática, lá ia eu falar com a psicóloga. A minha mãe não achou muita piada e pediu-me que parasse de ir falar com a psicóloga, mas continuei a ir porque só queria que isto parasse.

Em Outubro saí da escola onde estava para ir para outra, e fui pela última vez à psicóloga, que pediu para falar com a minha mãe de forma a demovê-la em me mudar de escola, pois só iria piorar a minha situação, e convencê-la a levar-me até um psicólogo (dado que na escola não conseguiria obter o tratamento que preciso).  Até hoje não faço ideia do que a psicóloga lhe disse, mas não mudou nada.

Um dia em que não tinha aulas acordei mais tarde que o habitual, mas com uma sensação estranha: tinha a cabeça pesada e estava completamente desorientada. Por alguma razão o meu cérebro começou a pensar em coisas completamente descabidas do género "se calhar morri e por isso estou assim desorientada". Levantei-me ainda meio desorientada e ao encarar o primeiro espelho que me apareceu à frente, desatei a chorar. Corri de volta para a cama e fiquei lá deitada até cerca das 16h, com a televisão num volume baixo pois o som estava a fazer-me confusão. Ainda não tinha comido nada o dia todo e sempre que me tentava levantar começava a chorar. Não tinha vontade de fazer nada, não tinha vontade de comer. Mandei mensagens a algumas pessoas e ninguém me respondia, a minha mãe não me tinha ligado - o que não era hábito - e isso só fomentou as minhas teorias do "se calhar estou morta". Uma amiga ligou-me passado uns minutos a perguntar se estava tudo bem, e eu entre soluços histéricos de choro expliquei-lhe as minhas teorias loucas que a deixaram completamente baralhada, mas a dizer-me que estava tudo bem. Consegui levantar-me e fritar um hambúrguer, meti-o num pão e comi menos de metade. Quando a minha mãe chegou, gritou comigo por eu ser preguiçosa e não me ter levantado, disse que eu não tinha o direito de estar assim porque não tinha razões válidas (aparentemente as únicas razões válidas para estar triste e/ou ter ataques de pânico estão relacionadas com não ter dinheiro para pagar as contas) e disse que a partir daquele dia eu estava proibida de ficar em casa sozinha, tivesse aulas ou não.

Nunca mais tive uma crise dessas. Mas também não posso dizer que melhorei desde aí. O que aconteceu foi que tentei ao máximo não demonstrar quando me estava a sentir mal, para não ouvir os comentários dos meus pais. Assim, comecei a ter ataques de pânico por ter medo de ter ataques de pânico. E comecei a viver em dormência, sinto que estou a observar a vida de alguém, que eu não sou eu. Não sei como explicar muito bem, é como se estivesse a sonhar. As coisas que vivo não me parecem reais. Muitas vezes olho-me ao espelho e não me reconheço, como se a pessoa que o espelho reflete fosse uma desconhecida.

Em 2012 conheci uma pessoa que me fez melhorar significativamente - não tive mais ataques de pânico e embora não tenha deixado de estar ansiosa, estava mais controlada-, mas um ano e pouco depois acabamos por nos afastar e agora entrei numa espiral descendente e sinto-me prestes a bater no fundo. Tenho tido crises de despersonalização/desrealização, voltei a ter ataques de pânico e sinto-me completamente perdida.

Passo os dias sentada porque não consigo estar de pé com as tonturas, fico com falta de ar sempre que estou com os meus pais ou sozinha na rua/transportes públicos, não consigo dormir de noite pois estou constantemente a acordar ou com terrores noturnos e tem alturas em que só me apetece chorar, sem razão. Os meus amigos não entendem o que se passa comigo, e os que tentam ser compreensivos irritam-me um pouco porque tentam por panos quentes com "isso vai passar" e "vais ver que vais ficar melhor", quando eu nem sequer vejo um futuro à minha frente.

Nestes 3+ anos nunca fui ao psicólogo nem nunca tomei nada porque não tenho dinheiro meu e os meus pais recusam-se a aceitar que estou doente e preciso de ajuda. Para os meus pais isto passou quando deixei de ter "crises" à frente deles.

Desculpem o testamento mas precisava de desabafar com alguém.
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Olá Summer

Estive a ler a tua história que está muito bem detalhada. Já é positivo conseguires ter a consciência do que se está a passar e descrevê-la tão bem. É bom para ti que consigas descobrir a causa ou causas que te levaram a ficar assim e começares a trabalhar nelas.
Podes ir sempre ao teu centro de saúde e pedir uma consulta de recurso. Expõe o teu assunto ao médico e diz-lhe que precisas de ter consulta de psicologia na área cognitivo-comportamental. O médico provavelmente irá receitar-te medicamentos (ansiolíticos e antidepressivos). A decisão é tua de tomar ou não. Se decidires tomar, ao fim de 3 ou 4 semanas irás ficar melhor porque os medicamentos vão controlar esse estado, no entanto eles não vão resolver o problema; cabe a ti e com ajuda de um psicólogo resolver as causas. Tenta passar para o papel tudo o que se passou desde o início, procura as causas. Imagina-te uma repórter investigando o caso, tenta fazer de modo cronológico, vai fazendo isto aos poucos. Procura na net músicas, posturas, frases, imagens, etc., etc. que tenham a ver com relaxamento. Procura também na net yoga e meditação que tenham a ver com relaxamento e vai praticando um pouco de cada vez diariamente. Arranja forças e faz algo por ti. Vai devagar e não procures resultados rápidos. Se não gostares de sair de casa faz um esforço e dá pequenos passeios. Mantém contigo um diálogo positivo, alegre, otimista.
Sobretudo tens que acreditar que vais sair disso. Se te forem receitados medicamentos vem ao fórum, diz quais e pergunta a opinião.
NÃO TE ASSUSTES PORQUE IRÁS VOLTAR A SER A MESMA QUE ERAS ANTES. Só tens é que arranjar ferramentas que cortem essa espiral de pensamentos repetitivos e negativos. E neste espaço encontras muitas formas que te vão ajudar.

QUERER E ACREDITAR, Summer, é o primeiro passo.

cheers
Vitor
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Mensagem por summer Sex Out 17 2014, 12:38

Vitor escreveu:
Olá Summer

Estive a ler a tua história que está muito bem detalhada. Já é positivo conseguires ter a consciência do que se está a passar e descrevê-la tão bem. É bom para ti que consigas descobrir a causa ou causas que te levaram a ficar assim e começares a trabalhar nelas.
Podes ir sempre ao teu centro de saúde e pedir uma consulta de recurso. Expõe o teu assunto ao médico e diz-lhe que precisas de ter consulta de psicologia na área cognitivo-comportamental. O médico provavelmente irá receitar-te medicamentos (ansiolíticos e antidepressivos). A decisão é tua de tomar ou não. Se decidires tomar, ao fim de 3 ou 4 semanas irás ficar melhor porque os medicamentos vão controlar esse estado, no entanto eles não vão resolver o problema; cabe a ti e com ajuda de um psicólogo resolver as causas. Tenta passar para o papel tudo o que se passou desde o início, procura as causas. Imagina-te uma repórter investigando o caso, tenta fazer de modo cronológico, vai fazendo isto aos poucos. Procura na net músicas, posturas, frases, imagens, etc., etc. que tenham a ver com relaxamento. Procura também na net yoga e meditação que tenham a ver com relaxamento e vai praticando um pouco de cada vez diariamente. Arranja forças e faz algo por ti. Vai devagar e não procures resultados rápidos. Se não gostares de sair de casa faz um esforço e dá pequenos passeios. Mantém contigo um diálogo positivo, alegre, otimista.
Sobretudo tens que acreditar que vais sair disso. Se te forem receitados medicamentos vem ao fórum, diz quais e pergunta a opinião.
NÃO TE ASSUSTES PORQUE IRÁS VOLTAR A SER A MESMA QUE ERAS ANTES. Só tens é que arranjar ferramentas que cortem essa espiral de pensamentos repetitivos e negativos. E neste espaço encontras muitas formas que te vão ajudar.

QUERER E ACREDITAR, Summer, é o primeiro passo.

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Vou fazer isso, obrigada Smile
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Mensagem por ThePrestige Sex Out 17 2014, 13:23

Bem-vinda ao fórum summer.

Realmente, fiquei movido com o teu testemunho. Como disse o Vítor, a tua história está muito bem detalhada e demonstra realmente o teu problema (e também o problema de muitas pessoas) com a ansiedade. Demonstras ser uma pessoa muito madura, e isso é óptimo, começando por sempre procurares ajuda e nunca ficares quieta e resignada com o que estava a acontecer contigo.
Tenta falar com os teus pais outra vez, mostra-lhes que tu não estás bem. Ou senão faz-te à vida e procura ajuda no hospital ou no centro de saúde. Se fores ao teu médico de família ou às urgências do centro de saúde, eles podem encaminhar-te para o hospital para um psicólogo e, se for necessário, um psiquiatra.
Calma, não penses que estás maluquinha só por causa da ideia da psiquiatria - isso não tem nada a ver.
Pela minha experiência pessoal, as psicólogas da escola não "têm ponta por onde se lhe pegue" quando toca a ansiedade - só lidam com aqueles temas corriqueiros que se dava na Formação Cívica e Área de Projecto como o bullying. Portanto, se poderes, aconselha-te no teu centro de saúde e não tenhas vergonha de ir ao hospital - eles são muito profissionais.
Infelizmente, quase todos os psiquiatras receitam qualquer coisinha, o que eu sou contra em alguns casos específicos. Na minha modesta opinião, acho que tu consegues dar a volta por cima sem psicofármacos, mas vais ter que ter paciência e bater com a cabeça na parede porque a ansiedade tem muito que se lhe diga.
No caso de ires ao psicólogo (acho que só existem em hospitais, e pela minha experiência, as consultas de psiquiatria e psicologia nos hospitais são gratuitas), fala-lhe de terapias que podes fazer. Quase de certeza que eles te vão recomendar a certa.

Também eu estou à procura desta terapia, já vou ter uma consulta de psiquiatria na próxima terça-feira e vou perguntar ao meu médico acerca destas.

Se quiseres desabafar mais, não hesites e fá-lo. Isso pode ser deveras revigorante e relaxante.

Foi uma das melhores publicações que eu já vi até ao momento.

Dá notícias.
Um abraço!
ThePrestige
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Mensagem por mrbombas Sex Out 17 2014, 15:39

nem sei como começar, mas Benvinda, ou não, isto porque de cair aqui no nosso cantinho por estes motivos não é bom, mas ainda bem que temos o cantinho dos "malucos" Razz

não pude deixar de reparar no teu excelente texto e mais uma vez digo, será uma doença de pessoas com um QI e cultura acima da média?

assim que comecei a ler, recordei a minha experiência, eu passei exactamente por isso, embora mude o aspecto dos pais pelo da minha esposa, e enquanto os teus pais te dizem que é birra, a minha esposa sempre esteve presente e foi incansável no meu tratamento...

essa sensação horrível de não sermos nós a viver é do pior terror que existe, eu passei um fim de semana a beliscar-me e a tomar banhos gelados, chorava compulsivamente e enfim, já sabes como é...

para te ajudar nessa questão o único conselho é, aceita o teu estado de desrealização, não lutes contra ele, vai demorar, mas talvez passe, se não passar paciência a vida continua...

presumo que estejas num elevado estado de embotamento afectivo, ou seja, filmes de romance não dizem nada, filmes de terror não dizem nada, comédia não diz nada... sem emoções.

tudo começou realmente em ansiedade extrema, o resto foi fruto da mente, a única condição com que nascemos é que iremos morrer, para nós isso é uma grande incógnita, o porquê, para quê, quando etc, estará sempre presente...

isso atormenta, suga-nos as forças, leva-nos ao "inferno" e traz-nos de volta para o sofrimento que é a vida...

já percebeste que isto é a mente a pregar rasteiras certo?

psicologia e acima de tudo psicoterapia irá ajudar-te a entender como funciona a tua mente, mas as ferramentas serão passadas para as tuas mãos, afinal tu és a doente...

mas calma, será que em tua casa é tudo saudável mentalmente? nem pensar nisso, um pai que não aceita frescura de adolescente, mãe que acredita ser uma fase, e apenas um irmão que te acompanha, afinal és a irmã mais velha e a tua companhia é do melhor que ele tem.

precisas de ajuda, para isso estamos cá, mas para mim o mais importante é ajudar-te a encontrar o equilíbrio que tanto precisas e dessa forma demonstrares aos teus pais, sim os responsáveis pela tua saúde, que estão errados e estás doente, precisas de ajuda especializada e não de correctivos absurdos.

enquanto por cá andares, tenta ler os testemunhos de todos, mas lembra-te os sintomas de cada um são únicos e não tens que os sentir também, aprende com os que te mostram vídeos e formas de relaxar, se mesmo assim não conseguires teremos muito gosto em te acompanhar a um psicólogo, embora de forma ausente claro Very Happy

vou-te pedir apenas uma coisa, sorri, sim agora, sorri.........................................


ok podes parar, este é o nosso principal objectivo, sorrir e viver da melhor forma possível esta nossa fase, vais crescer muito durante esta fase, serás uma pessoa diferente em tudo, quando ultrapassares isto que não é uma doença, mas sim uma fase, uma etapa do teu percurso pela vida...

sorri muito, imagina-nos a todos em cuecas Laughing Laughing Laughing Laughing Laughing Laughing

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Mensagem por summer Sex Out 17 2014, 18:18

mrbombas escreveu:para te ajudar nessa questão o único conselho é, aceita o teu estado de desrealização, não lutes contra ele, vai demorar, mas talvez passe, se não passar paciência a vida continua...
É o que tenho feito, felizmente ultimamente não tem acontecido muito.

mrbombas escreveu:presumo que estejas num elevado estado de embotamento afectivo, ou seja, filmes de romance não dizem nada, filmes de terror não dizem nada, comédia não diz nada... sem emoções.
Sim, ou não sinto nada ou sinto uma tristeza avassaladora e só me apetece chorar.

mrbombas escreveu:enquanto por cá andares, tenta ler os testemunhos de todos, mas lembra-te os sintomas de cada um são únicos e não tens que os sentir também, aprende com os que te mostram vídeos e formas de relaxar, se mesmo assim não conseguires teremos muito gosto em te acompanhar a um psicólogo, embora de forma ausente claro  Very Happy
Obrigada Very Happy
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Mensagem por Cyber50 Sex Out 17 2014, 20:14

Olá summer, sei o que tens passado, pois eu passei e estou a passar pela mesma situação, aqui vais ter alguma ajuda, mas 1º tens de ter a ajuda em tua casa , da família. Tens de lidar com isso , com acompanhamento, quer da família e amigos, mas também ajuda médica, a medicação só ajuda a aliviar os sintomas, mas com psicoterapia, vais compreender mais o que sentes, e a lidar com isso.
Se não tens médico , tenta ir a uma urgência, as consultas desta área não se pagam. Força companheira de luta  cheers

Cyber50

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